Doidas ou Santas ?
- Eliete Bahia
- 7 de abr. de 2018
- 2 min de leitura

" Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: _ou viro doida ou santa. "
São versos de Adélia Prado, retirado do poema " A Serenata". Narra a inquietude de uma mulher que imagina que mais cedo ou mais tarde um homem virá arrebatá-la, logo ela que está envelhecendo e está tomada pela indecisão - não sabe como receber um novo amor não dispondo mais da juventude. E encerra:
" De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como fecharei, se não for santa?"
Mas vamos lá. Adélia nos faz pensar com seu poema que se formos capazes, ainda que já com meia idade, depois de trilhar uma longa estrada onde encontramos alegrias e desilusões, e tendo ainda mais estrada pela frente. Se tivemos coragem de passar por mais alegrias e desilusões - e a gente sabe como as desilusões devastam - terá que ser meio doida. Mas se preferirmos se abster de emoções fortes e apaziguar seu coração, então a santidade é a melhor opção.
Santidade só para Nossa Senhora, vamos combinar né?!! Toda mulher é doida. Impossível não ser. A

gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde de cedo que , sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder poder de sedução para encontrar "O AMOR REAL", aquela pessoa que será inteligente, carinhosa, que importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais (onde estará tal milagre?).
E com tudo, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir, às vezes, que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo para o alto e embarcar num navio pirata comandado pelo Reynaldo Gianecchini, ou então virar uma doidivanava, sei lá, qualquer fantasia secreta guardada a sete chaves lá no fundo da alma.
Toda mulher é louca. Pense em qualquer uma de suas amigas, ou conhecidas, que não tem ao menos três destas qualificações: exagerada, dramática, maniaca, fantasiosa, apaixonada, delirante... Pois bem, também é louca. E fascinante.
Mas voltando ao poema de Adélia. Todas nós estamos dispostas abrir a janela, não importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: Chama- se VONTADE DE VIVER ATÉ A ULTIMA GOTA. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa... Não existe! Uma mulher que só reza, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai combinar comigo: só sendo louca de pedra. Pronto falei!!!
L.É.T. Bahia.
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