Espirito Aventureiro
- Eliete Bahia
- 28 de abr. de 2018
- 4 min de leitura

Como explicar porque eu gosto de fazer trilha? Uma atividade simples que traz tantos privilégios e aprendizados.
Andar durante horas carregando uma mochila pesada, dormir no mato, ficar sem banho e banheiro e na maioria das vezes sem sinal de celular! Tarefas básicas de uma trilha que preocupam e amedrontam a maioria das pessoas. Mas o que intriga mesmo é o fato de alguém escolher e curtir passar por tudo isso.
Sempre me perguntam porque eu gosto tanto de trilha. Apesar do aparente perrengue implícito dessa atividade, estar inserida na natureza é libertador.
Mais do que aprender a valorizar o conforto de um banho quente ou uma cama macia. Mas curtir e aproveitar pequenos detalhes com prazer consciente. Aquela água fresca quando se está com calor. Os primeiros raios de sol na pele numa manhã gelada. Algum tronco ou pedra perfeitos para um breve descanso.
Não é só uma válvula de escape para liberar energia e endorfina como uma atividade física. Ou a sensação de relaxamento após tanto exercício rs Nem somente a gostosa sensação de missão cumprida quando se atinge o esperado cume. Ganha-se uma leveza de espírito que te acompanha durante dias.
É mais do que uma prática que detém concentração como uma meditação para acalmar a mente. Ou uma busca para se encontrar. Mas conseguir clareza de pensamento para discernir e tomar melhores decisões conforme a sua essência.
Mas é muito importante se preparar e ter alguns cuidados antes de pegar qualquer trilha.
Por tanto vamos a algumas dicas !!
1. Estude a trilha de antemão
Antes de se decidir , procure saber mais sobre a trilha que você vai fazer. Se você fizer o percurso sem o acompanhamento de um guia, verifique o grau de dificuldade. Caso seja sua primeira trilha, evite as que não têm caminhos definidos e as que são muito íngremes.
2. Prepare-se fisicamente
O nível de preparamento que você precisa depende do grau de dificuldade da trilha. Para uma trilha simples, basta se alongar antes. Para trilhas com muitas subidas e descidas, é indicado fortalecer os músculos com atividades físicas alguns meses antes de se aventurar na natureza.
3. Prepare sua mochila e vista-se adequadamente

Organize sua mochila de forma eficiente e leve o que pode ser necessário: repelente, protetor solar,um kit de primeiros socorros, água, lanterna e barraca caso você vá acampar no caminho. Considere se é importante ou não levar celular no seu caso. Se você for com poucas pessoas, o aparelho pode ser útil para ligar para o corpo de bombeiros no caso de uma emergência. Se você for acompanhado de um guia, não é necessário; muitas trilhas não têm sinal e você pode acabar molhando seu celular (ou quebrando, como eu já fiz…).

Use calçados adequados: nada de chinelos! Se a trilha for rumo a uma praia, leve os chinelos na mala para aproveitar a areia chegando lá, mas use tênis ou botas e leve uma meia a mais com você. Vista roupas leves no calor e casacos com diferentes camadas caso vá fazer o percurso durante o inverno, assim você pode tirar as camadas mais pesadas quando bater o calor. Se houver chance de chover, leve também uma capa de chuva.
Confira a previsão do tempo
Uma dica óbvia: dias com sol e sem chuva são os melhores para fazer trilhas. O chão molhado é muito perigoso para caminhadas, principalmente em caminhos com pedras e terra. E aí que as pessoas escorregam e torcem os pés. As trilhas em cumes têm ainda o risco de serem atingidas por raios. Se tiver a opção, escolha os dias em que não há chances de chover.

5. Arranje companhia
Você nunca deve fazer uma trilha sozinho. Qualquer caminho desacompanhado pode ser muito perigoso no caso de um acidente. Durante uma trilha que fiz no cerrado de Arinos, Minas Gerais, meu tido quebrou o dedo do pé ; sorte que tinha bastante gente para ajudá-lo e ampará-lo no caminho de volta. Eram muitos quilômetros em uma trilha difícil, provavelmente ele não conseguiria voltar sozinho sem se apoiar e piorar o estado do dedo.
6. Preste atenção no caminho
Além de ficar atento para não escorregar ou pisar torto em pisos desnivelados, preste atenção em pontos chave do caminho para conseguir se localizar na hora da volta e não se perder. Fique ligado no que é trilha e o que é atalho; pegue o mesmo caminho na volta.

7. Gerencie bem o tempo e aprenda como saber quanto tempo falta para escurecer
Entender a natureza é muito útil em atividades desse tipo. Tem um jeito muito simples de saber se o sol está prestes a se pôr. Fazer trilhas depois que escurece é bem perigoso, então a primeira dica é: vá sempre de manhã ou logo depois do almoço. Mas caso sua caminhada se prolongue por algum motivo, você pode medir a distância entre o sol e o horizonte com os seus dedos (isso vale para paisagens limpas, sem prédios e construções que interfiram a vista). Cada dedo equivale a 15 minutos e cada mão com os quatro dedos juntos equivale a uma hora (sem contar o dedão). Você precisa ter uma noção de quantos quilômetros a trilha tem e quanto tempo você leva para fazer cada quilômetro. Garanta que você terá tempo suficiente para voltar antes de anoitecer. Se você for acampar no meio da trilha, comece a montar seu abrigo 2h antes de o sol se pôr, quando só couberem duas mãos no horizonte com essa técnica.
Incrível como os efeitos da natureza são profundos. Olhar uma bela paisagem é inspirador, estar num contato próximo é surpreendente.
Trilhar é uma atividade simples, acessível e enriquecedora. Por fora se vê desconforto, insegurança e adversidade. Como explicar a satisfação interior? Só experimentando para entender.
Kommentare